Entrámos em Setembro, e o foco de atenção dos cuidados de pele será nas mudanças de temperatura, isto é, na adaptação dos cuidados da pele ao tempo mais frio. A sensibilização sobre os cuidados a ter com a exposição solar pode ficar algo esquecida mal entramos no outono, já que o seu forte é nos meses que antecedem o verão e, claro, durante o verão,
Mas serve este artigo para sensibilizar todas as pessoas que vão iniciar algum tratamento oncológico, que estejam nesse processo ou eventualmente já o tenham terminado, que os cuidados a ter com a exposição solar não se resumem aos meses quentes. E alerto que estes cuidados se devem manter mesmo após o término dos tratamentos, como hábito diário, para o resto da vida!
As estatísticas dizem-no, e nós observamos no nosso dia-a-dia, que o cancro é um dos maiores problemas de saúde no mundo inteiro, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Cada tratamento proposto acarreta sinais e sintomas, mais ou menos prováveis, e a equipa de oncologia (médico e enfermeiro) faz sempre o acolhimento à pessoa que vai iniciar tratamentos de modo a capacitá-la com as ferramentas que necessita para concretizar o processo com o mínimo de interferências, minimizando o impacto pessoal, social e económico.
Apesar de alguns tratamentos oncológicos serem menos agressivos, ou serem melhor tolerados, a pele é um dos órgãos que tende a sofrer, de forma secundária, com os tratamentos antineoplásicos. As reações cutâneas são uma forte possibilidade e precisam de ser geridas para o melhor conforto das pessoas, melhorando a sua tolerância e evitando interrupções. Porquê? Porque a pele é o maior órgão do corpo e é vital para a nossa sobrevivência e bem-estar, pelo que não viveríamos sem pele, nem vivemos bem com a pele danificada.
Claro que a gravidade dos danos na pele depende do protocolo de tratamento prescrito, da frequência; também do estado nutricional e analítico, bem como dos hábitos de vida e das capacidades que cada pessoa tem para estar alerta e se cuidar.
A luz que causa dano na pele não provém só da radiação solar, radiação natural, mas também de fontes artificiais. Este facto é válido para a população geral, mas existem grupos de risco que devem tomar particular atenção aos cuidados a ter. A pele oncológica, e dependendo sempre do protocolo de tratamento, tende a sofrer queimaduras solares com muito mais facilidade, razão pela qual a fotoproteção deve ser um cuidado global.
Por outro lado, e com frequência, existem cicatrizes de pequenas ou grandes cirurgias, e usar fotoproteção é determinante para evitar duas situações: queimadura dessa área de pele (extremamente sensível) e pigmentação. Anos depois a cicatriz pode já não ter proeminência, mas pode estar mais escura. O uso de fotoproteção pode ajudar a reduzir este risco, e mesmo evitá-lo.
A fotoproteção deve ser praticada por todas as pessoas, com as mesmas regras, ou seja 2 mg por cada cm² de pele. Por uma questão de segurança da saúde, e eficácia do fotoprotetor, não devemos considerar apenas o tempo de exposição solar, mas também a quantidade correta aplicada e a sua reaplicação.
Reaplicar é importante porque o protetor perde a sua capacidade ao longo do tempo de exposição; o contacto com a água, suor ou fricção também reduz a sua capacidade de proteção. O ideal é reaplicar a cada duas horas, mas claro que deverá avaliar o contexto do seu dia e as atividades que se encontra a fazer, e onde. Os protetores solares em bruma ou em stick são muito práticos e fáceis de usar!
No outono e inverno apesar de ter a pele mais coberta, no clima de Portugal, existem sempre áreas de pele descoberta como a cabeça (rosto, orelhas e couro cabeludo), pescoço, decote e mãos, que devem estar sempre cobertos pela fotoproteção, uma vez que a radiação ultravioleta (UV) não é sazonal, e a pele oncológica pode sofrer queimadura solar mesmo nos dias com índice UV mais baixo.
Algumas zonas de pele poderão estar mais predispostas a queimaduras solares, como a zona das sobrancelhas e couro cabeludo, no caso da perda de pelos e cabelo, já que estes anexos da pele também a protegem da radiação UV.
Um cuidado importante a ter com as mãos, caso use verniz de gel ou gelinho, é aplicar fotoprotetor que seja resistente à água, antes de iniciar a manicure ou pedicure, na pele e em torno das unhas. A luz emitida para polimerizar o verniz emite radiação UV, essencialmente UVA, embora segundo a Skin Cancer Foundation essa emissão seja moderada.
Na mesma linha de cuidados, também não é de todo recomendado a frequência de solários nem uso de lâmpadas de bronzeamento.
Também é importante que saiba que mesmo um protetor solar com fator de proteção 50 não é capaz de absorver ou refletir a totalidade da radiação, cabendo a cada um de nós praticar os cuidados complementares, ao longo do ano, como:
Reaplicação do fotoprotetor a cada duas horas, sempre que se molhar, suar e secar a pele por fricção;
Uso de óculos de sol;
Uso de chapéu de abas largas (que proteja o rosto, pescoço e ombros), ou de lenços que protejam o couro cabeludo e parte de trás do pescoço;
Uso de uma sombrinha, com proteção UV;
Roupa de tons mais escuros.
Obrigada à Beatriz Viegas pela cedência da sua bonita imagem para a capa deste artigo.
Obrigada a si, pela visita!
Joana
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