A rosácea é uma doença inflamatória da pele, que se caracteriza pelo eritema centrofacial e pelas suas crises e remissões. Tende a ocorrer nos fotótipos mais baixos.
No último dia de abril não podia deixar passar ao lado este tema. Abril é o mês de sensibilização para a rosácea, e por isso escrevi este artigo em conjunto com a Dra. Diana Miguel, dermatologista. É um artigo pequeno e resumido, mas cuja informação pertinente e acessível, poderá fazer a diferença para uma melhor compreensão desta patologia de pele.
Nesta publicação não tenciono aconselhar cosméticos ou tratamentos, mas sensibilizar para uma patologia cutânea, dando uma perspetiva importante sobre o problema.
Existem múltiplos fatores que agravam a rosácea e despoletam as suas crises.
Sabe-se que a radiação ultravioleta é um aspeto importante, razão pela qual a proteção solar é fundamental nas pessoas com rosácea. Além disso, uma alimentação muito condimentada e o consumo de bebidas alcoólicas também podem predispor a crises, tal como as mudanças de clima e temperatura, além do stresse e da ansiedade.
Alterações vasculares, disfunções da barreira epidérmica e a disbiose são igualmente importantes desta patologia da pele.
A rosácea pode apresentar-se de forma ligeira e transitória, ou grave e persistente.
A sua classificação clássica é feita em quatro tipos:
1. eritemato-telangiectásica;
2. pápulo-pustular;
3. fimatosa;
4. ocular.
Os cuidados gerais passam pela evicção sempre que possível dos fatores que desencadeiam e exacerbam as crises referidos anteriormente.
Em termos de cuidados da pele com rosácea, a emoliação é imprescindível, tal como a proteção solar. Nos momentos de exposição solar o uso de chapéu é importante, de forma a ter sombra no rosto. Deve também evitar exposição nas horas de maior calor e de índice UV mais elevado.
Os cosméticos adaptados à pele com rosácea são os cuidados diários e essenciais, mas é importante que o diagnóstico seja feito pelo seu dermatologista. Há doenças autoimunes agravadas pela exposição ao sol, como é o caso do lupus, que podem imitar a rosácea.
Algumas formas de rosácea têm de ser tratadas com recurso a medicamentos sujeitos a receita médica (antibióticos tópicos e/ou orais), principalmente na rosácea pápulo-pustular e na ocular, podendo haver necessidade de um acompanhamento multidisciplinar.
Na rosácea teleangiectásica os tratamentos com LASER, principalmente com o PDL ou o Nd:YAG, mostram-se eficazes não apenas na redução do eritema, mas também na sensação de “ardor”/”calor” descrita na maioria dos doentes. Estes procedimentos fazem também parte das recomendações europeias para o tratamento da rosácea.
A manutenção dos cuidados de pele é de facto diferenciadora, não apenas porque a limpeza adequada, hidratação e proteção solar podem prevenir exacerbações, mas também porque o próprio se torna capaz de compreender o que funciona melhor, e como!
Apesar de todas as dificuldades que a rosácea coloca, o autoconhecimento é uma das chaves para o seu controlo. Desta forma, caso tenha rosácea, a minha sugestão é que faça um diário do seu dia-a-dia, apontando os factos/situações que condicionaram o agravamento da sua rosácea. Desta forma, poderá conseguir encontrar (e evitar!) os fatores que a desencadeiam.
Esta doença está subdiagnosticada, fruto da informação dúbia que circula e das promessas de tratamento de um problema que é crónico. Como tal, não deixe de procurar ajuda médica caso surja vermelhidão, sensação de calor ou de ardor na pele, ainda que estes sintomas sejam intermitentes.
A pele agradece!
Obrigada por nos ler!
Joana Preto & Diana Miguel (dermatologista, OM 53128)
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