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  • Foto do escritorJoana Preto

A pele na pessoa idosa | entendê-la para cuidá-la!

Não é novidade que a pele envelhece ao longo dos anos, independentemente dos cuidados que lhe possamos proporcionar de prevenção e proteção; é parte do processo de envelhecimento.


O que é o envelhecimento?

É um processo biológico que ocorre no nosso organismo, que se caracteriza pelas alterações na morfologia e fisiologia dos órgãos, acompanhadas de perda gradual das capacidades para as quais estão determinados. Progressivamente assiste-se a uma maior vulnerabilidade, dificuldade de adaptação ao meio ambiente e maior probabilidade de ocorrência de patologias. E isto torna a pele da pessoa idosa um alvo de cuidados especial.


O envelhecimento é tanto intrínseco, ou cronológico, quanto é extrínseco, conhecido pelo fotoenvelhecimento, exposição a poluentes e hábitos de vida.


Os aspetos mais notórios ao nível do envelhecimento da pele são a diminuição da sua espessura, o aparecimento de discromias e a perda de firmeza. Quanto maior a idade cronológica da pele, maior a probabilidade de encontrar estas alterações e mais evidentes. Ao longo dos anos o processo de divisão celular desacelera, havendo uma renovação celular cada vez mais lenta. Por outro lado os melanócitos, enquanto células, também sofrem alterações.


Existem, contudo, outras alterações ao nível da pele, não tão notórias, mas importantes para a capacidade funcional deste órgão. Uma dessas alterações é a diminuição da sua hidratação, por um lado pela diminuição de produção de sebo pelas glândulas sebáceas, e por outro pelo aumento da perda de água transepidérmica como consequência da sua espessura cada vez mais fina.


Também as glândulas sudoríparas têm a sua atividade diminuída pela redução do seu património; o sistema imunológico também fica comprometido (tornando a pele mais sensível a agressões) e a elasticidade capilar diminui francamente, havendo fragilidade dos vasos e maior propensão para hematomas (muito frequente nas mãos e pernas das pessoas mas idosas, por serem as zonas que com mais facilidade sofrem traumas).


A junção dermo-epidérmica também é mais frágil nas pessoas idosas, e nestas situações deve haver um extremo cuidado nas forças de tração e fricção, e devem evitar-se objetos colantes na pele, pois a possibilidade de quebra cutânea é enorme. A cicatrização será também mais lenta, pela menor perfusão e nutrição da camada superficial da pele. No que respeita ao papel dos enfermeiros, e dos cuidadores informais, mais vale realizar um tratamento fazendo uso de ligadura, ao invés de um penso. Esta fragilidade é mais notória nas zonas que ao longo dos anos estiveram expostas ao sol, como as mãos, em relação, por exemplo, à região abdominal em que a pele permanece habitualmente mais firme em comparação.


O stresse oxidativo, provocado pelos radicais livres, também causa dano nas células do organismo, e as células que formam o tecido cutâneo não são exceção; um dos fatores mais preponderante para este fenómeno é a exposição à radiação ultravioleta, com consequente e gradual destruição do colagénio e elastina.


A alimentação também parece ter a sua importância, nomeadamente no consumo de açúcares. Existe um fenómeno chamado glicação que perturba o colagénio, levando à sua degradação.


Posto isto, e compreendido, a diminuição da espessura de epiderme e da derme, da gordura subcutânea e a reabsorção óssea resultam na formação de rugas, nome vulgarmente conhecido para o aparecimento de linhas e sulcos na pele, que nada mais é do que a sua atrofia.


Desta forma é perceptível a impossibilidade de se passar pelos anos com a pele imaculada de um bebé. Existem fenómenos biológicos, naturais, que ocorrem no nosso organismo e contra os quais não podemos lutar. Existem, contudo, comportamentos modificáveis e passíveis de serem controlados; esses podem ser a estratégia usada para proteger o capital da pele, mas depende de cada um de nós o seu uso e fruto.


Os cuidados a ter com a pele da pessoa idosa são imensos, pois as alterações cutâneas são imensas também, e a capacidade de regeneração é lenta. Assim, a prevenção é mesmo a melhor atitude, com base numa consciencialização desta pele particularmente frágil.


1. A limpeza da pele deve ser realizada com água tépida e com recurso a produtos de limpeza que deixem a pele hidratada. Sugiro os cremes ou óleos lavantes. Preferir a limpeza com as mãos ou com manápulas, evitando esponjas.


2. Os produtos de limpeza devem ter pH ácido, para respeitar o manto hidrolipídico.


3. Secar a pele com leves toques, e não com fricção.


4. A hidratação é crucial, com cremes untuosos, e se possível após o banho e com a pele húmida.


5. Manter as unhas curtas e limpas, das mãos e pés.


6. O uso do protetor solar será sempre indicado, independentemente da idade e do fototipo, com particular atenção às zonas de pele exposta.


7. Nas pessoas idosas que tenham calvície, ou perda de densidade capilar, podem usar brumas com fator de proteção solar e aplicar no couro cabeludo, bem como usar chapéu. São comuns queimaduras e feridas nesta área frágil, e muitas vezes são detetadas tardiamente por passarem despercebidas.


8. A pele dos pés também deve ser observada com frequência, pois há uma enorme probabilidade de fissuras nos espaços interdigitais (pele entre os dedos) e na pele periungueal (a pele à volta da unha), cuja cicatrização é naturalmente mais demorada, e piora se associada a pessoa tiver doenças que comprometam a cicatrização, a circulação sanguínea e a imunidade.

























É importante lembrar que a pele da pessoa idosa é mais seca, e que também desidratada facilmente, pelos motivos explicados. Não é suficiente incentivar a ingestão de água nos idosos.


É realmente preciso ter todos os cuidados com a pele, no que respeita à sua limpeza e hidratação.


A aplicação tópica de hidratantes, isto é, a aplicação de cremes na pele, permite sim a hidratação das suas camadas superficiais e previne a desidratação!


Imagens: Pinterest


Obrigada por ler!

Joana

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